A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA
O
filme a outra história americana, conta a história de dois irmãos com seus
direitos invertidos em relação a sociedade; Temas como racismo, neo-nazismo e
xenofobismo são vistos nesse filme. Derek
(Norton) está transando feliz da vida com a sua namorada. Quem não está muito
contente é o jovem Dan (Edward Furlong), que é impedido de dormir por causa da
barulheira infernal que vem do quarto do idolatrado irmão neo-nazista. Do lado
de fora da casa, três jovens tentam arrombar o carro de Derek, que, para o azar
do trio, descobre o que está acontecendo e vai tomar satisfação de uma maneira
extremamente agressiva. Derek é de um
movimento conhecido da década de 60 chamado “Skinhead”, os
primeiros sinais do surgimento dos skinheads começaram a ser vistos em 1967 nas
cidades inglesas. Tudo começou como resposta ao também crescente movimento
“hippie”, que surgia em meio à classe média e espalhava-se pelo mundo. Os
skins, como também ficaram popularmente conhecidos, eram jovens da classe
trabalhadora que passaram a identificar-se com certos aspectos da cultura
jamaicana trazida por imigrantes afro-caribenhos que chegavam à Inglaterra. A
cultura skin foi sendo construída por meio da música, como o reggae e o ska,
vestimentas e ideologias variadas que cada grupo adotava. Os cabelos raspados,
os sapatos bem cuidados e as roupas bem passadas que os primeiros skinheads
adotaram contrastavam com a imagem despreocupada e relaxada dos hippies, que
era vista pelos skins como uma imagem afeminada.
O movimento inicialmente não possuía
nenhuma pretensão de segregação
racial entre pessoas negras e brancas. No entanto, a partir da década de 1970,
a crise econômica que se intensificava no Reino Unido passou a fragilizar as relações
com os imigrantes. Enquanto paquistaneses, por exemplo, começavam a chegar em
grande quantidade, o número de empregos diminuía e a concorrência tornava-se
cada vez maior.
Depois de Derek ser preso e sair da
cadeia volta e tenta reatar sua vida, levar uma vida normal e tirar a sua
família desse pensamento irracional e retrogrado, na prisão ele testemunha como
realmente a vida é e não o que as outras pessoas falavam pra ele, ficou amigo
de um negro que o ajudou la dentro e lhe mostrou que não existem diferença
entre negros e brancos, que os negros que estavam lá, a maioria é por parte de
preconceitos racial da policia com eles.
A
narrativa não segue uma ordem cronológica, e diversos momentos são retratados
em preto e branco. Segundo o crítico Eduardo Monteiro, do Cinema sem Erros, essas mudanças nas cores sevem para
mostrar o conflito do certo e o errado. O passado de Derek sempre é apresentado
em preto e branco, como se aquilo fosse uma mancha escura na sua realidade,
enquanto o presente recebe cores vivas para deixar claro que ele não é mais
aquele homem. Como Dan é o narrador, a história é baseada no seu próprio ponto
de vista sobre o irmão e a realidade em que vive (onde apenas os brancos
parecem merecer lugar no planeta).
Ao
mesmo tempo que os dois irmãos aparentam ser fortes e inteligentes, demonstram
uma incrível fragilidade psicológica e são facilmente manipulados. Um exemplo:
há uma cena em que Derek, ainda um jovem, está contando empolgado sobre como se
sentiu instigado a estudar pelo seu novo professor. O pai de Derek (um homem
sem muita instrução e preconceituoso) o questiona com um discurso campestre,
mas que é o suficiente para modificar a opinião inicial do primogênito. Oras,
anos depois, Derek seria novamente manipulado por Cameron e se tornaria um
neo-nazista. E finalmente, mudaria de ideia após um novo encontro com seu
antigo professor e por suas próprias experiências negativas com seu estilo de
vida. Dan é a mesma coisa. Cansado de ser apenas o reflexo do irmão, decidiu
seguir os mesmos passos. Foi doutrinado por Cameron, mas seu combustível para
participar daquela baboseira era apenas o amor e admiração pelo irmão. Tanto,
que quando Derek conta suas experiências, ele muda de opinião drasticamente.
O filme
mostra a indecência de uma sociedade que ainda julga um ser humano pela sua cor
e não pela sua índole ou pelas suas atitudes. Esse preconceito surgiu com o
pensamento ideal de a raça pura sempre prevalecer, mas antes de questionarmos
isso, devíamos pensar realmente qual é a raça pura? Qual é a diferença entre um
negro e eu? O tom de pele? Mas o que isso nos diferencia? A nossa cultura! A
cultura afro sempre sofreu desde os princípio na história mundial, seja com o
preconceito racial ou com os grandes grupos radicas como os “skinheads”, isso
só mostra a nossa dívida que temos com esse povo, o nosso imenso pedido de
desculpas que devemos a cada família que foi morta, torturada ou separada de
seus pais, filhos ou esposas. Cabe a todos nós mostrarmos a todos que sim,
somos diferentes, mas temos que respeitar a diferença de cada um e saber
sempre, que não é um tom de pele que vai mudar algo em sua vida e sim suas
atitudes e o que você faz com ela.
HOTEL RUANDA
Em 1994 houve um conflito
que desencadeou uma grande guerra entre duas etnias dentro de um país na
Ruanda, levando a morte de quase um milhão de pessoas em 100 dias. Sem apoio de
ninguem, e lutando pela sobrevivência os Ruandenses tiveram que procurar ajuda
em seu próprio dia a dia. Um desses auxilio foi dado pelo gerente de Hotel Paul Rusesabagina localizado
no centro da cidade. Ele com seus braços, abrigou mais de 1000 pessoas dentro
de seu hotel, desde hutus com medo da guerra até tutsis com medo da morte.
Vivemos em um mundo em que a solidariedade não é mais vista em nosso dia a dia,
não sabemos mais o nome de nossos vizinhos e sempre vivemos correndo, esse
homem não desistiu em nenhum momento dessas pessoas e lutou até o fim para que todos
pudessem ter um fim livre e com dignidade.
Do ponto de vista cultural, tutsis e hutus partilhavam de uma série de
similaridades por falarem a mesma língua e seguirem um mesmo conjunto de
tradições. Contudo, quando os belgas chegaram à região, observaram que estes
dois grupos étnicos se diferenciavam por conta de algumas características
físicas. Geralmente, os tutsis têm maior estatura, são esguios e tem um tom de
pele mais claro.
Na perspectiva dos belgas, essas características eram suficientes para
acreditarem que os hutus – mesmo sendo a maioria da população – seriam
moralmente e intelectualmente inferiores aos tutsis. Dessa forma, os
imperialistas criaram uma situação de ódio e exclusão socioeconômica entre os
habitantes de Ruanda. A política distintiva dos belgas chegou ao ponto de
registrar nas carteiras de identidade quem era tutsi e hutu.
Na década de 1960, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda
Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de
dominação, ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba
prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou
a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
O massacre da população de Ruanda, um pobre país exportador de chá e
café, localizado na região central do continente africano, ex-colônia da
Bélgica, não foi capaz de movimentar a imprensa internacional. Calcula-se que
aproximadamente um milhão de pessoas tenham morrido na guerra civil que abateu
o país em 1994 e praticamente nada a respeito do assunto foi divulgado para os
países do Ocidente. Em uma das cenas mais importantes do filme Hotel Ruanda, o
jornalista Jack Daglish (interpretado por Joaquin Phoenix) volta das ruas com
fortes imagens do horror da guerra. Inúmeros mortos espalhados pelo chão
enquanto as violentas ações continuam aparecem nas filmagens mostradas pelo
repórter ao chefe de sua equipe e são também vistas por Paul Rusesabagina.
Preocupado com a reação do gerente do hotel, Daglish se desculpa e Paul
responde que acha importante que a comunidade internacional saiba dos
acontecimentos em Ruanda para que se mobilize. A resposta do jornalista é então
sintomática quanto à repercussão desses ocorridos quando ele diz que as pessoas
verão isso enquanto jantam, se sentirão sensibilizadas e, depois de alguns
segundos de indignação, retornarão as suas refeições.
As atrocidades aconteceram há 18 anos, os
ataques começaram nos primeiros dias de abril de 1994, e não houve qualquer
tipo de intervenção de órgãos de segurança mundial. Keir Pearson, roteirista do
filme “Hotel Ruanda”, declara no material extra do DVD: “Quando comecei a
pesquisar o assunto o que me espantou foi que a ONU sabia o que estava acontecendo,
foi alertada, mas houve um esforço consciente do Ocidente em ignorar”. As
tropas da ONU pouco fizeram e mantiveram uma postura omissa quanto à
possibilidade de salvamento das vítimas.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial
organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que
formavam o grupo de oposição política no país. Em pouco tempo, várias estações
de rádio foram utilizadas para conclamar outros membros da população hutu a
matarem os “responsáveis naturais” daquele atentado.
A propagação do ódio resultou na formação de uma milícia não oficial
chamada Interahamwe, que significa “aqueles que atacam juntos”. Em pouco mais
de três meses, uma terrível onda de violência tomou as ruas de Ruanda provocando
a morte de 800 mil tutsis. O conflito contra as tropas governistas acabou sendo
vencido pelos membros do FPR, que tentaram estabelecer um regime conciliatório.
Apesar dos esforços, a matança e a violência em Ruanda fizeram com que
cerca de dois milhões de cidadãos fugissem para os campos de refugiados
formados no Congo. Nesta região, o problema entre as etnias tutsi e hutu
continuaram a se desenvolver em várias situações de conflito. O atual governo
de Ruanda, liderado por tutsis, promoveu algumas invasões ao Congo em busca de
alguns líderes radicais da etnia hutu.
Nos últimos anos, a prisão do guerrilheiro tutsi Laurent Nkunda e as
experiências bem sucedidas nos campos de desmobilização vêm amenizando a
convivência entre tutsis e hutus. Além disso, o presidente Paul Kagame anulou
os antigos registros que diferenciavam a população por etnia. Em algumas
cidades de pequeno porte, já é possível observar que os traumas do genocídio de
1994 estão sendo superados.
O homem não saber viver em sociedade é algo que já e visto a muito tempo,
guerras são criadas por disputas territoriais desde que o mundo é considerado
mundo. Deviamos parar de tentar industrializar, crescer, expandir e olhar a
nossa volta e vermos que se o mundo quer fazer essas coisas primeiramente
devemos saber respeitar a pessoa que está ao nosso lado, pelas suas
características físicas e pelo que ele é e representa, sem querer declarar
alguém melhor que alguém por características hereditárias e sim pelo
conhecimento e bagagem que é nos dados através de nossos anos vividos em
sociedade.
Tullio Dias, Crítica: A Outra História Americana - Disponível em:
<http://www.cinemadebuteco.com.br/criticas/historia-americana/> Acesso em 15 de agosto de 2015
Lucas Oliveira, Skinheads - Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/sociologia/skinheads.htm> Acesso em 15 de agosto de 2015
Significados - Disponível em:
<http://www.significados.com.br/skinhead/> Acesso em 15 de agosto de 2015
Rainer Souza, O genocídio em Ruanda - Disponível em:
<http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/o-genocidio-ruanda.htm> Acesso em 15 de agosto de 2015
Google Docs, Disponível em:
<https://docs.google.com/forms/d/1zhtzbb75rhk1wQdip9QAQIDohsU5DseIat15Rgr22Qg/viewform?formkey=dElWQlFMMVZWWlJKVGY5cHFkMmFLdmc6MQ> Acesso em 15 de agosto de 2015