PROCESSO DE ABERTURA DAS DITADURAS NA AMERICA LATINA

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CONTEXTO HISTÓRICO
A Guerra Fria foi uma guerra ideologia entre Estados Unidos e União Soviética, porém a guerra não parou por aí, os Estados Unidos não queria que os países da América mudassem seu sistema político-econômico para socialista e que se aliasse à União Soviética, para isso, implantou ditaduras com o desejo de comandar estes países para não ter mais inimigos. Essas ditaduras chegaram em 9 países da América do Sul e agentes dos Estados Unidos estavam sempre por perto para saber de tudo que acontecia.

GUATEMALA
A ditadura militar na Guatemala foi um regime que durou de 1954 até 1996. Foi aplicada a operação PBSUCESS em 18 de junho de 1954 pela CIA para derrubar o presidente Jácobo Arbenza Gúzman, acusado de ser comunista pelos Estados Unidos. Jácobo foi acusado de ser comunista por alguns motivos, um deles pela implantação da reforma agrária no país (conhecida como Decreto 900), onde retirara empresas internacionais para as terras serem dadas aos cidadãos, entre elas a "United Fruit Company", empresa americana a qual muitos pensam ser o motivo dos Estados Unidos se envolverem na derrubada do governo de Gúzman.
O Primeiro presidente durante o regime foi o Coronel Carlos Castillo Armas, que foi assassinado em 1957, durante o mandato no qual foi marcante o cancelamento do Decreto 900. Após a morte de Armas, o General Miguel Ydigoras Fuentes se tornou presidente a partir de uma eleição fraudada, durante seu governo cortou relações com Cuba após Fidel Castro assumir o poder. Fuentes foi retirado do poder com o golpe de 1963 por Enrique Azurdia, Ministro da Defesa, sendo eleito presidente Julio César Montenegro, conhecido como único presidente civil, sob uma bandeira de "abertura democrática", porém foi o momento de mais influência do regime militar dos Estados Unidos.
Em 1970, com a eleição do Coronel Carlos Arana Osorio, foi o momento de mais revoltas guerrilheiras. Osorio declarou "Estado de Sítio". No governo de Osorio houve o maior número de pessoas desaparecidas, torturadas e assassinadas, tanto que o número de pessoas mortas durante seu governo é de cerca de 20 mil guatemaltecos. A partir de 1980 ocorreu uma intensificação nas guerrilhas. Nos anos de 1996 as guerrilhas foram oficialmente encerradas, através de um acordo de paz, mediado pela ONU. A contagem de corpos estimadas durante todo o período do regime militar e das guerrilhas gira em torno de 200 mil.

PARAGUAI
A ditadura militar no Paraguai durou de 1954 até 1989. O General Alberto Stroessner chega ao pode por meio de um golpe de estado que abriu caminho para eleições forjadas. A partir daí, entre 1954 e 1989 o General manteve-se no poder tendo como sustentáculo o Parido Colorado, a oligarquia agropecuária e os Estados Unidos, com quem assinou pacto comprometendo-se a combater o comunismo. Impôs a hegemonia dos Colorados, perseguiu e torturou opositores, criou reder de delação e serviu como laboratório para a aplicação da Doutrina de Segurança Nacional na América Latina, em um regime baseado no Terrorismo de Estado. Somente em fevereiro de 1989, um golpe militar tirou do poder Stroessner, que se refugiou no Brasil. O líder do golpe, Andrés Rodríguez, elegeu-se presidente.

ARGENTINA
A ditadura militar na Argentina durou de 1966 até 1973. O regime começou com um golpe de estado dado por militares que assumiram o poder no país. Durante sua vigência, foi um dos governos mais autoritários da América do Sul.
O golpe ocorreu com o presidente Arturo Illia sendo deposto do cargo em 28 de junho de 1966. Ao longo do período militar, 3 militares ocuparam o poder: o General Juan Carlos Onganía, o General Roberto Marcelo Levingston e o General Alejandro Agustín Lanusse.
Juan Carlos Onganía governou de 1966 a 1970 e entregou o poder debilitado por conta de protestos. Em seu lugar, a Junta de Comandantes em Chefe das forças armadas assumiram o governo do país e decidiram pela indicação do general Roberto Marcelo Levingston para a presidência. Levingston era um desconhecido militar e governou a Argentina até 1971 pela incapacidade de controlar a situação política, econômica e social do país. Em seu lugar entrou o homem forte da ditadura, o general Alejandro Augustín Lanusse. Este governou entre 1971 e 1973, sua gestão que foi empenhada em obras de infra-estrutura nacional era vista com desgosto da população.
As crescentes manifestações populares causaram as eleições para novo presidente na Argentina em 1973. A população queria Perón no governo do país, mas o candidato do povo foi barrado pelo então presidente militar que alterou as leis eleitorais da constituição de forma que barrasse sua candidatura. Impossibilitado de ser eleito, Perón e o povo passaram a defender a candidatura de Hector José Cámpora, que saiu vitorioso no pleito.
O período da Ditadura Militar na Argentina foi cruel e sangrento, a estimativa é de que aproximadamente 30 mil argentinos foram sequestrados pelos militares. Os opositores que conseguiam se salvar fugiam do país, o que representa aproximadamente 2,5 milhões de argentinos. Os militares alegam que mataram “apenas” oito mil civis, sendo que métodos tenebrosos de torturas e assassinatos foram utilizados pelos representantes do poder. O governo autoritário deixou marcas na Argentina mesmo após a ditadura, com a democracia poucos presidentes conseguiram concluir seus mandatos por causa da grande instabilidade econômica e social.

BRASIL
O Golpe Militar de 1964 marca uma série de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, e que culminaram em um golpe de estado no dia 1 de abril de 1964. Esse golpe pôs fim ao governo do presidente João Goulart, também conhecido como Jango, que havia sido de forma democrática, eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Imediatamente após a tomada de poder pelos militares, foi estabelecido o AI-1. Com 11 artigos, o mesmo dava ao governo militar o poder de modificar a constituição, anular mandatos legislativos, interromper direitos políticos por 10 anos e demitir, colocar em disponibilidade ou aposentar compulsoriamente qualquer pessoa que fosse contra a segurança do país, o regime democrático e a probidade da administração pública, além de determinar eleições indiretas para a presidência da República.
O primeiro presidente foi Castello Branco, que autorizou apenas 2 partidos, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). O governo militar impôs em 1967 a Constituição de 1967, que confirma e institucionaliza o regime militar.
Costa e Silva assume o governo em 1967, marcado por protestos e manifestações sociais. A União Nacional dos Estudantes (UNE) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Em 13 de dezembro de 1968 o governo decreta o AI-5, o mais duro do regime militar.
Costa e Silva foi substituído por estar doente por uma Junta Militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (exército), Augusto Rademaker (marinha) e Márcio de Sousa e Melo (aeronáutica). O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA Charles Eubrick, exigindo libertação de 15 presos políticos. Em 18 de setembro o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. No final de 1969 o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.
Em 1969 a Junta Militar escolhe o novo presidente: Emílio Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "Anos de Chumbo". O Milagre Econômico (1969-1973) foi um período que o PIB do país crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%, porém todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro, gerando uma dívida externa enorme para o Brasil.
Em 1874 assume a presidência o General Ernesto Geisel, que começa com um lento processo rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do Milagre Econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. Em 1978 Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre o caminho para a volta da democracia no Brasil.

A vitória do MDB nas eleições de 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O General João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. O fim da ditadura no Brasil vem com o restabelecimento do pluripartidarismo, a redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já, além de problemas como a inflação elevada e a recessão. Em janeiro de 1985 o Colégio Eleitoral escolheria Tancredo Neves para assumir como presidente, porém acaba falecendo e assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada a nova constituição, a Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura e estabeleceu os princípios democráticos no país.

Escrito e Adaptado por Gustavo Schmitt

Guia do Estudante Abril, "Veja quais países da América Latina tiveram ditaduras militares" - Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/fotos/paises-america-latina-tiveram-ditaduras-militares-760783.shtml#13> Acesso em 16 de agosto de 2015
Só História, "Guerra Fria" - Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/guerrafria/> Acesso em 16 de agosto de 2015
Gabriel Rodrigues dos Santos, "Ditadura Militar na Guatemala" - Disponível em: <https://prezi.com/leh1j_fc4luw/ditadura-militar-na-guatemala/> Acesso em 16 de agosto de 2015
Resistência e Arquivo, "Ditadura no Paraguai: Doutrina e Segurança Nacional, Terrorismo de Estado e participação na Operação Condor" - Disponível em: <https://resistenciaemarquivo.wordpress.com/tag/ditadura-militar-paraguai/> Acesso em 16 de agosto de 2015
Wagner de Cerqueira e Francisco, "Paraguai" - Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia-da-america/historia-paraguai.htm> Acesso em 16 de agosto de 2015
Antonio Gasparetto Junior, "Ditadura na Argentina (1966-1973)" - Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/ditadura-na-argentina/> Acesso em 16 de agosto de 2015
Só História, "Ditadura Militar no Brasil - 1964-1985" - Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura/> Acesso em 16 de agosto de 2015
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